domingo, abril 20, 2008

DOR DE ALMA

domingo, abril 20, 2008

Estou quase nas 15 mil visitas. Estejam atentos quem lá chegar que se acuse. Quem sabe se não terá direito a um doce. E cá vai mais um poema de António Gedeão, o meu poeta preferido.


Meu pratinho de arroz doce
polvilhado de canela;
Era bom mas acabou-se
desde que a vida me trouxe
outros cuidados com ela.

Eu, infante, não sabia
as mágoas que a vida tem.
Ingenuamente sorria,
me aninhava e adormecia
no colo da minha mãe.

Soube depois que há no mundo
umas tantas criaturas
que vivem num charco imundo
arrancando arroz do fundo
de pestilentas planuras.

Um sol de arestas pastosas
cobre-os de cinza e de azebre
à flor das águas lodosas,
eclodindo em capciosas
intermitências de febre.

Já não tenho o teu engodo,
Ó mãe, nem desejo tê-lo.
Prefiro o charco e o lodo.
Quero o sofrimento todo,
Quero senti-lo, e vence-lo.

António Gedeão

3 comentários:

Anónimo disse...

Oi querida!

Pois fique sabendo que se for eu, vou cobrar meu doce até ele chegar aqui hein?! já fiquei com a boca cheia d'água só de pensar nos doces portugueses...ahhhh crueldade!!!!

Texto lindo, convida a reflexão e vc sabe que ando precisando disso...

Beijão querida, boa e linda semana!

Susana disse...

um arroz doce até que marchava, lol...
Poema muito bonito, e por acaso não conhecia...
bjs :)

pinky disse...

e eu que gostava tanto de gostar de poesia.... alguns tocam-me mas para mim nada bate a prosa. mas gostei de ler. beijos kerida!