Ilustração de Ivone RalhaOutro dia estava a ver o programa da Oprah onde se discutia o porquê de as pessoas não se afirmarem e tentarem só agradar aos outros. Pois é, revi-me um bocado na discussão porque até há muito pouco tempo eu me anulava quase a noventa por cento, por essa mesma razão. Achava que devia concordar com tudo e todos para ser agradável. Depois percebi que o meu trauma era por detestar discussões e por isso essa passividade. Hoje já não penso assim, felizmente, todos temos direito à nossa opinião e não é preciso discutir para dá-la. Talvez também seja a minha idade que é outra e me faça ver, que além de não ser mais jovenzinha, já tenho estatuto para poder dizer certas coisas sem as pessoas ficarem chocadas ou magoadas. Além disso, já posso dizer que não quero, que não gosto, que não me apetece, coisas que evitava ao máximo dizer ou fazer. Felizmente que os jovens já não têm essa postura actualmente. No meu tempo seria impensável dizer NÃO a que quer que fosse. Também sabemos que há limites para certas situações, mas para outras não é preciso sermos tão passivos. Também sabemos que essa passividade pode ser insegurança. Talvez. Mas lembro-me que quando era pequena éramos atirados um pouco para a selva citadina e não havia tanta compreensão como agora. Por exemplo, no jardim de infância diziam-nos para estarmos calados, e tínhamos de estar senão éramos castigados e bem. Na escola primária, por exemplo, se não respondessemos como a professora queria, era reguada nas mãos e mais nada. Tudo isso marca muito a infância. Aí poderá estar o início do caminho social para o resto da vida e é isso que temos de ponderar para que os nossos filhos e netos, não passem pelo mesmo e tenham uma vida social mais sólida, mais feliz e menos conturbada. A família pode e deve ajudar, mas os professores também têm uma quota parte de trabalho na feitura e modelagem do novo e futuro cidadão. De maneira nenhuma que se pede para os professores substituirem a família, mas darem só um empurrãozinho para que tudo corra melhor.
3 comentários:
Concordo em absoluto. Tambem detesto discussoes, mas em vez de concordar com tudo normalmente retiro-me para nao ter de engolir o que nao me apetece, ou com o qual nao concordo. Felizmente tambem tenho mudado nesse sentido, e expresso a minha opiniao, tenha ou nao idade para que a mesma seja aceite. O importante e que respeitemos os outros. Mas mais importante ainda e que sejamos honestos com nos proprios. Beijinhos
É, não devveremos concordar com tudo só porque é socialmente correcto e o facto de discordarmos não quer dizer que gostamos menos da pessoa em causa.
E também é um facto que a nossa personalidade se constroi em pequeno, na infância, e é como dizes ai poderá o inicio do caminho social para toda a vida.
Bjs
tenho 15 anos, e vivo nessa "sociedade" em que a aparencia conta muito. quero sempre andar com os amigos mais populares ou os não tão "nerds" mas sem querer caio na rotina de fazer tudo para esse amigos esquecendo o real valor da amizade (compreensão). é realmente dificil mudar após a infância.
fico feliz após ler seu texto que foi muito esclarecedor, vou buscar ao máximo retomar esse costume da real amizade continuando nesse grupo de amigos.
muito obrigado por fazer esse blog com tanto carinho!
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