segunda-feira, outubro 17, 2011

DE LUTO

segunda-feira, outubro 17, 2011


Agradeço a todos quantos me leem e que gostam do meu blogue. Não há palavras de agradecimento por terem a paciência de tirar um pouco de seu tempo para se entreterem com a leitura do meu blogue.
Não tenho cá vindo há uns meses porque o meu marido adoeceu e não foi um processo muito fácil entre idas ao hospital e regressos a casa.
Meu marido foi operado em Julho do ano passado onde lhe retiraram a bexiga devido a um cancro (é bom que se fale em cancro e não se esconda esta palavra, pois é a doença da moda em todo o mundo, não há que esconder, ela existe e ponto final), mas como ia dizendo foi operado e ficou com saco para sair o xixi. Até principios de Julho deste ano a coisa foi bem, mas o médico mandou-lhe pôr um cateter para fazer quimioterapia directa à veia, mas ou o cateter foi mal posto ou o próprio organismo rejeitou-o e formou por trás um coágulo de sangue. Resultado: tirar imediatamente o cateter e liquidificar o sangue para o coágulo desfazer. Bem o sangue devia ter ficado tão liquido que apanhou uma anemia. Mais uma ida ao hospital para levar sete unidades de sangue para tratrar a anemia. Saiu do hospital a 10 de Agosto muito bem, uma semana depois começou a queixar-se que a perna esquerda estava dormente e começou a não ter força na perna para andar, tinha de ir agarrado a mim para ir para a cama ou para o sofá.
Nova ida ao hospital e o médico dele mandou-o para as urgências outra vez. Passei o dia inteiro no hospital a fazer TAC´s, primeiro à coluna pois pensava-se que o motivo da perna presa seria coluna, mas o resultado provou que não, então mais um à cabeça e aí o dia 18 de Agosto ficou-me marcado e em choque recebi a notícia pela médica que me diz o resultado deste TAC: o tumor tinha-se espalhado e estava a apanhar-lhe a cabeça.
Daqui já calculam o que passei até dia 3 de Setembro quando ele ficou internado em SO (Sala de Observações), nesse dia (sábado) ainda lhe dei água por uma palhinha, quando o fui ver no dia seguinte já não conseguia beber pela palhinha e tinha a cara do lado esquerdo fria. Ainda respondia com a cabeça ao que eu lhe perguntava, mas mais nada. A visita foi curta, porque ali só podemos estar uns curtos 15 minutos com os doentes e foi a última vez que o vi vivo. Faleceu nessa madrugada, dia 5 de Setembro.
Agora calculam o choque que foi quando me mandaram ir ao hospital sem eu saber para o que ia e deram-me a notícia assim: "minha senhora o seu marido faleceu eram 5" e não ouvi o resto, chorei ali mesmo até desabafar. Felizmente fui acompanhada pela minha vizinha que só me dizia para chorar pois ela sabe que o meu problema é esse mesmo: não chorar. Tenho a tendência para não chorar e depois fico doente. Mas naquela altura abri as comportas até me apetecer. Mais calma, avisei as filhas a irmã e tratar do funeral.
Quis que o meu marido fosse cremado. Assim se fez e fomos deitar as cinzas no mar que ele tanto gostava. Quem o queria ver contente e feliz era no verão ir para a praia. Acho que lhe fiz a vontade. No meio da tristeza lembrei-me que desde que fomos ao Brasil ele não ia aqui às nossas praias faltava-lhe a agua quentinha do nordeste brasileiro.
Hoje passado mês e meio sei que ele está bem, mas a saudade é muita. Quando chega a hora do jantar ainda tenho a sensação que ele vai abrir a porta e aparecer, mas sei que isso não é possível. Que ele esteja em paz é só o que eu quero. Eu estarei aqui pensando nele com muito carinho e amor até um dia que Deus queira e juntar-me a ele.

3 comentários:

Rubi disse...

Ana,
Lamento imenso a sua perda e da sua família. Que murro no estômago ler este texto... Não há muito que se possa dizer, e nem sei o que lhe diga... Fica um grande beijinho e um abraço, vou rezar por ele...

AnadoCastelo disse...

É verdade amiga, é mesmo um grande murro no estômago. Custa muito mas a vida continua e o que me anima um pouco são as filhas e a neta. A saudade não vai morrer nem o amor que tínhamos um pelo outro, só o tempo poderá atenuar um pouco mas nunca o esquecimento.
Beijinhos
Ana

nuno medon disse...

olá. Lamento a perda do seu marido, mas é como disse no seu texto : O cancro é a doença do século. Uma tia minha e um primo meu ( ambos com 70 anos ) sofrem dessa doença. Já perdi um avô com isso, e conhecidos. Um abraço para si e para a sua família. muita força !!! beijos